Música deve ser julgada?

Música deve ser julgada?
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Música deve ser julgada?

Infelizmente o Brasil adota competições musicais desde lá de trás. Na era de ouro da rádio e com o que conhecemos como política da boa vizinhança dos colegas norte-americanos, ingressamos em um estado de valorizar competições musicais – de auditório principalmente, onde um músico se expõe para uma banca dita especializada.

Recentemente me chamou atenção no The Voice – +60, um programa de competição vocal para artistas acima de sessenta anos, onde se apresentaram nomes consagrados e outros anônimos, uma artista em especial.

Trata-se da cantora Cláudia – uma artista brasileira sexagenária, cantando ainda lindamente – em um mesmo que fazia nos áureos tempos de sua carreira. Eis que nenhuma das quatro cadeiras se viraram. No julgamento artistas brasileiros.

The voz

A cantora, julgadora, outra Cláudia, a Leite, depois espantou-se em ver que era de fato a Cláudia dos anos 1960 e 1970 – também muito prejudicada em sua carreira por uma certa Elis Regina – nas histórias dos corredores da indústria fonográfica, por ciúmes. Resumindo a cadeira não virou.

Pobre Cláudia Leite não canta ou cantou um décimo do que cantou a Cláudia, e lá estava a julgar essa cantora. Mas ela precisaria cantar melhor para julgar, ou saber cantar? Não. Entraríamos na mesma discussão de jornalismo esportivo, onde ex-atletas e jornalistas se engalfinham competindo de maneira tola entre livros e terem pisado as quatro linhas.

Mas o mínimo que eu esperaria de um julgador é amplo conhecimento musical – que lhe desse a condição estética de reconhecer o que é de fato consolidado na indústria. Eis que o que a Cláudia Leite achou que era uma cantora imitando muito bem, era a legítima cantora.

Música nesses princípios não deve ser julgada. Tão mais interessante seria se se colocassem em caráter de mostras. Mostrar o que está sendo feito no país, trocar, combinar, construir. Julgar, nesse caso, foi só destruir – e uma artista que poderia muito bem estar alimentando novos repertórios, cantando para um público que com certeza apreciaria seu trabalho.

Se os critérios fossem claros a música estaria na olimpíada!

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João Marcondes é compositor, arranjador, produtor musical e um dos maiores educadores musicais do Brasil. Possui mais de cinquenta livros lançados, metodologias completas, e cursos aprovados no MEC e Secretaria da Educação. É gestor educacional e empreendedor. Tem mais de mil artigos publicados falando sobre música. E aqui, no Blog Souza Lima mais de dez milhões de leituras em seus textos.