Por que há tanta diferença na escrita das cifras?

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Por que há tanta diferença na escrita das cifras?

A explicação por trás do fenômeno se dá por uma falta de alinhamento e interesse editorial e educacional em solucionar as divergências tão claras na escrita das cifras, embora a cifragem popular  parta da divergência por ser de proposição interpretativa. Mas por que há tanta diferença na escrita das cifras?

Na origem, as cifras amplamente utilizadas na música popular são oriundas de uma combinação entre as letras representando notas – provindas do sistema musical alfabético datado do século VI, com o sistema do baixo cifrado – proveniente dos instrumentos contínuos do período barroco, século XVIII.

O sistema de cifras ainda foi potencializado pelos termos da análise harmônica da harmonia funcional, a verdadeira, não a harmonia popular que chamam de funcional ao acaso.

Desde que a música popular aderiu ao sistema de melodia acompanhada de cifras, que começou na década de 1950 nos corredores de uma Faculdade de Música, entre alunos e professores, e se consolidou de fato em 1970 com o livro que conhecemos ainda hoje de RealBook, nunca houve uma política educacional que conseguisse trabalhar com um alinhamento.

Como pode um mesmo conjunto de notas ser representado de tantas maneiras?

Dó – Mi – Sol – Si – Forma uma tríade maior com sétima maior. Dó maior com sétima maior, uma tétrade.

C7M, Cmajor7, Cmaj7, C∆; até mesmo C7+?

Complicado. E esse acorde para cifras não é o problema principal.

Cada autor, como James Aebersold, tentou corrigir a sua maneira. E foi o que trouxe ainda mais divergências. Aí então editores, alguns músicos, alguns entendedores superficiais da música, decidiram refazer o protocolo e propor outra coisa. E os problemas foram se agravando.

Hoje ao utilizar uma partitura em uma classe de práticas de banda, quase que inevitavelmente há cifra que gera dubiedade.

No Brasil ainda para piorar temos o fenômeno da letra cifrada, que é algo útil para iniciantes, mas que esbarra na má qualidade de escrita, e na divergência que há com um plano de construção real de escrita musical.

Daí vem um outro e diz que se precisamos de alturas exatas basta criar uma escrita geográfica associada, os “bracinhos”. Então para resolver um problema, ou medo da partitura, a pessoa precisa entender uma cifra e ver um bracinho, ler duas coisas, ao invés de só ler uma partitura.

A beleza da cifra está justamente na proposição da interpretação. De poder tocar livremente, contribuir com a obra com uma sonoridade própria. E toda essa divergência ou aberrações complementares destroem uma ideia que nasceu plena.

Então?

Vamos estudar harmonia?

#VemProSouzaLima

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João Marcondes é compositor, arranjador, produtor musical e um dos maiores educadores musicais do Brasil. Possui mais de cinquenta livros lançados, metodologias completas, e cursos aprovados no MEC e Secretaria da Educação. É gestor educacional e empreendedor. Tem mais de mil artigos publicados falando sobre música. E aqui, no Blog Souza Lima mais de dez milhões de leituras em seus textos.