Quais tipos de crônica ocorrem em música popular?
Uma crônica se estabelece em uma narrativa sobre o tempo. Cronos é a personificação do tempo, segundo a mitologia grega. E Cronos que também significa tempo compõe palavras e termos que usamos diariamente como cronologia, cronometragem, cronômetro, cronograma, doença crônica.
Uma crônica é um relato de algo a partir do tempo e a forma de relatar justamente identifica subespécies.
Justo que a composição popular brasileira usufrui demasiadamente da ideia de crônica.
Alguns compositores se destacam por conceber crônicas em suas obras, alguns quase que exclusivamente: Wilson Batista, Noel Rosa, Geraldo Pereira, Moreira da Silva, Dorival Caymmi, Chico Buarque, Aldir Blanc, Geraldo Vandré, Sidney Miller, entre outros.
Espécies de crônica na composição popular brasileira
As espécies de crônica presentes na composição brasileira foram identificadas seguindo o seguinte método: 1| Identificar o que é uma crônica. 2| Identificar o que forma uma crônica na composição popular. 3|Compreender a forma em que se produz a estrutura perante o contexto de texto cronológico. 4| Dividir em grupos por similaridade. 5| Observar pelos grupos de crônica descritos pelo perfil da imprensa impressa, que elenca até onze subgrupos.
Elencar mais espécies de crônica perante a estrutura da composição popular, como se estivesse em um plano jornalístico, é desnecessário.
A crônica sob o aspecto da composição popular se comportou em cinco formatos, organizados livremente não por maior aparição: 1| Crônica Jornalística; 2| Crônica Fantástica; 3| Crônica Histórica; 4| Crônica Poética; 5| Crônica Lírica.
Breve descrição
Crônica jornalística
Narra um fato real que ocorreu a pouco tempo, descreve de maneira próxima ao fato, e até emite opinião, mas a opinião é secundária ao relato.
Exemplo: Tiro de Misericórdia – João Bosco e Aldir Blanc; Diário de um detento – Racionais Mc’s.
Crônica fantástica
Descreve algo próximo a surrealidade, ou impossíveis ou improváveis, que se estabelecem de maneira a seguir uma ideia de tempo, mas um tempo que não existe, algo como um sonho. E ainda permite humor, como crônica humorística, que faz certo sentido associara crônica fantástica.
Exemplo: Sonhos sonhos são – Chico Buarque; O rei do gatilho – Moreira da Silva; Desenredo – Gonzaguinha.
Crônica histórica
É a espécie de crônica que relata determinado personagem ou fato histórico. Relata com propriedade porque depende de dados e com certo afastamento. Até é possível emitir opinião, ou ocorrer dois relatos sobre pontos de vista diferentes do mesmo acontecimento. Testemunhas oculares que observam em paralaxe a mesma ocorrência.
Exemplo: Alexandre – Caetano Veloso; Sambas-enredo (praticamente a totalidade).
Crônica poética
Descreve algo existencial, discute as possibilidades do ser, do ter, do estar, de uma maneira a priorizar um estar poético ante a apenas escrever. Oferece uma visão pessoal, uma visão que apresenta seu ponto de vista como um vislumbre, ou uma ideia.
Exemplo: Trem das Cores – Caetano Veloso; Violeiros – Djavan.
Crônica lírica
É aquela que se apresenta ou apresenta um fato imbuído de pessoalidade, de algo que lhe traz saudade, que lhe traz tristeza, ou renovação. Pode até parecer uma variação de uma crônica histórica, mas é uma história que trata de pessoalidade.
Exemplo: Chorei – Mauro Duarte, Paulo César Pinheiro e Eduardo Gudin; Naquela Mesa – Sérgio Bittencourt; Último Desejo – Noel Rosa.
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