A regência, os sinais do regente, o maestro, despertam muitíssimo interesse público. O maestro do coro ou da orquestra, ali de costas propondo a afinação das vozes, se expressando através do coletivo em movimentos tão intensos, não há quem não se prenda mesmo em uma apresentação.
A palavra regente é a nomenclatura técnica ao termo popular maestro. Aquele que rege. Conduz. Interpreta. Aquele que organiza a execução de um número abastado de musicistas. O líder supremo para o corpo orquestral – das cordas, madeiras, metais e percussão; ou em quatro naipes de um agrupamento vocal – soprano, contralto, tenor e baixo.
O personagem que atua em coro escuta do diapasão o lá 440 hertz e concede a referência para a execução da obra, concede a pulsação preliminar para a execução e variações de expressão – crescendo e decrescendo, acentuações, intensidades. É sua responsabilidade.
Ao especialista na arte de reger também se espera curadoria, ciente dos valores dos músicos selecionando a dedo o repertório.
Estabelece-se um primeiro ponto afirmativo: o regente é profundo conhecedor do repertório musical – orquestral ou coral. Conhece as texturas. As possibilidades de expressão do estilo. Entre estética e sonoridade. Ao coral: o som das palavras em idioma matriz da obra de cada compositor em sua nacionalidade.
Para ser regente preciso tocar um pouco de cada instrumento?
Não. Nas fanfarras é comum que o mestre de bandas, o maestro, ou regente para tal, execute um pouco de cada instrumento principalmente por possuir responsabilidades didáticas para a formação dos músicos que compõe o agrupamento. Para a regência orquestral inexiste Maestro ou Regente que toque todos os instrumentos. Claro que é fundamental conhecer cada família e instrumento, mas apenas no campo das expressões, das variações e movimentos típicos de cada um.
As faculdades públicas que oferecem o programa de bacharelado em regência solicitam domínio de um repertório em peça de confronto ao piano. Exercícios como tocar ao piano uma voz e cantar a outra. Reger também já é cobrado. E exercícios variados de percepção.
Faculdades particulares normalmente cobram domínio em instrumento, tal qual programas de regência do exterior.
Um regente possui formação em instrumento e esse domínio concede o que é preciso para a concepção musical, mas é possível compreender o requisito “piano” como obrigatoriedade.
Para ser regente preciso tocar piano?
O piano possui tessitura de sete oitavas e meia, a maior entre os instrumentos ocidentais. No piano então é possível executar cada frase dos instrumentos da orquestra em sua altura exata. Todos os instrumentos da orquestra ou os naipes do coro estão na tessitura do piano.
Uma obra para orquestra pode possuir entre duas e seis vozes independentes, no piano o regente será capaz de executa-las, para o coral sobretudo as quatro vozes independentes, dispostas na execução também são práticas possíveis para o piano.
Algumas questões:
- As faculdades brasileiras que oferecem o programa de regência não possuem orquestra residente em sua maioria. O aluno pode se formar sem ter a experiência de reger o agrupamento orquestral.
- A regência coral é uma especialidade que necessita expertises diferentes da especialidade orquestral. Poucos programas de graduação as separaram – o futuro regente deve observar no bacharelado que pretende cursar a especialidade oferecida.
- Para a Regência Coral há especializações lato sensu oferecidas para bacharéis em música e licenciados em música. Normalmente com duração de um ano em meio.
- A Faculdade de Regência possui duração de cinco anos.
- O Conservatório de Tatuí (orquestra), a ETEC, a Escola Municipal de Música e a EMESP (coral) oferecem programas de formação em regência.
- Ao músico de outras áreas o estudo mínimo da regência auxilia para a produção e gravação – tanto ao compositor, ao arranjador, quanto ao produtor. Vale a experiência.
- Concursos públicos para regente possuem requisitos de experiência e diploma específico na área como formação primordial, até eliminatória.
- O termo Maestro pode ser aplicado a alguém por notório saber musical – professor, instrumentista ou compositor.
A área de regência demanda dedicação intensa, conhecimento aprofundado de harmonia, contraponto, estilo e estética.
Vale ressaltar que é uma área reconhecida por usufruir de contatos políticos e administrativos mesmo que haja concursos para destacar o futuro regente.
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Publicado em 9 de janeiro de 2018, atualizado em 17 de setembro de 2019, ampliado e revisado em 15 de janeiro de 2020.
